lunes, 29 de septiembre de 2008

Texto livre para a Faculdade, sobre um documentário. Meu xodó de inspiracao dos últimos tempos.
=D

O documentário O Olhar Estrangeiro trata de vários filmes estrangeiros tendo como tema o Brasil. Dizer isso seria restritivo, porque, para começar, a maioria dos filmes não retrata o “Brasil”, mas apenas uma parte dele, geograficamente falando. O mais popular Brasil que se trata, é o carioca. Suas praias, suas mulheres, seu samba e seu carnaval. Não se enxergam as outras praias, ou os outros ritmos, tampouco os outros carnavais brasileiros. Isso já seria restringir o estereótipo geográfico e cultural suficientemente, mas não: a maioria dos filmes faz uma leitura estereotipada do brasileiro. Estereótipo bastante conhecido e que já vem de décadas, são citados por Adorno na sua “Dialética do Esclarecimento”, e ajudam a se perceber uma idéia simplista e errada de uma raça ou de uma cultura. “Estereótipos podem ser baseados em alguma realidade, mas não podem se aplicar ao geral”, disse coerentemente Tony Plana, ator américo-cubano entrevistado que também parece sofrer com o estereótipo cedido aos “latinos”, que têm suas origens tão múltiplas, mas se fundem em um mesmo termo e molde, aos olhos estrangeiros.

Alguns dos filmes nem são feitos no Brasil ou têm atores brasileiros. Cria-se uma atmosfera brasileira em estúdios Norte Americanos (normalmente na Flórida) como em “Brenda Star” e “Lambada, a Dança Proibida” e/ou contratam-se atores latino-americanos para encenar, como em “The Burning Season” que tem Raul Julia no papel de Chico “Mendez”, em seu melhor sotaque hispânico. Os atores fizeram esforço para aprimorar seus acentos, mas a primazia pelos atores hollywoodianos apenas reforça aquela dúvida de que a capital do Brasil é Buenos Aires, como se pensa por aí, já que ao português mistura-se o espanhol.

O filme também pergunta a várias pessoas o que vem a suas mentes quando pensam em Brasil. A reposta é bastante semelhante: “carnaval, futebol, mulata, samba”. Alguns ainda dizem que “todo dia tem festa, eles nunca trabalham”. É o que os filmes retratam. Levam em seus títulos palavras e expressões ligadas ao hedonismo como “prazer”, “tudo pode acontecer”, “wonderland”. Parece que no Brasil não se trabalha, estuda, produz. Um dos entrevistados justifica, dizendo não se interessar em ver país igual ao dele, mas sim um exótico, diferente.

O documentário também mostra filmes que retratam um Brasil com mais fidelidade, mas que não foram lançados. Um deles era do ator e diretor Orson Welles, produzido no Brasil, mas cancelado por mudança do presidente da produtora. Outro filme que também não obedeceu ao padrão de clichê, “Le Grabuge”, do diretor Édouard Luntz, acabou não sendo lançado, porque o produtor queria mudar o filme, adicionar os clichês, e Édouard não permitiu. Por conta disso, houve um processo, que o diretor ganhou, mas seu filme não foi lançado e sua carreira cinematográfica ficou abalada.

Filmes que reafirmam os clichês e estereótipos do Brasil, ou do Brasil da imaginação dos estrangeiros, que é um misto de candomblé com carnaval e sexo, apenas contribuem para o preconceito ou assombro. Como quando se admite ser brasileiro, alguém já olha, se for mulher, como prostituta, se for homem, como preguiçoso e incapaz. Mentiras acerca do país e do povo, que limitam a consciência que têm eles, estrangeiros, que temos, alguns de nós e que trazem mais e mais turistas a procura do Brasil de mentira de Hollywood, que fala espanhol.

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