sábado, 4 de diciembre de 2010

Futur de la passion

Eu fico com o coração batendo tão forte para o futuro, como se ele fosse uma paixão dessas incertas. Essas berçadas, essas que a gente planeja, planeja, e quando pensa ou sonha que vai ou está dando certo, sorri e se empolga. Eu talvez seja tão apaixonada pelo futuro que eu almejo porque ele é incerto, vai ver, como aquele rapaz bonitinho que a gente paquera, pouco a pouco, e ele cai na nossa graça. E você meio que se esquece do presente, o vive mais alhures.

viernes, 29 de octubre de 2010

Murs.

Guilliana, do filme que vi ontem é uma mulher transtornada. Sofreu um acidente e desde então ela acha que vive em um plano inclinado. Talvez por isso ela ande tão próxima às paredes, para sentir menor a sensacao de que está caindo.

Em uma das cenas, ela diz que gostaria de ter próximas dela todas as pessoas que já a amaram. Como uma muralha. Giulliana queria que, caso caísse, tivesse de muro uma pessoa que já a amou.

Esse muro é falho, Giulliana. Você não sabe se o amor das pessoas ainda é o mesmo. Você não sabe se pode confiar na sua muralha.

Caso haja buraco nesse muro, é preciso que você tape os buracos. É preciso que fiquem os bons tijolos, as pessoas que a amam, e o vazio de sua muralha você preenche consigo, e dança ciranda. Porque amor nem sempre é proteção, nem sempre é sólido. E o seu muro de amor não pode conter você, você tem que estar contida nele.

Nina, que sugere ouvir também sobre muros "Le Murs", dos Vendeurs d´Enclumes (Vendedores de bigornas) http://www.youtube.com/watch?v=1pFy8oIP7QI.

domingo, 12 de septiembre de 2010

O amor, Pierre Levy, e, um dia, quem sabe, todos nós.

Nize Pellanda: O amor, [Lévy suspira e os entrevistadores riem] banido da ciência clássica, como atrapalhador do conhecimento, volta na sua obra, e também na de outros cientistas complexos, como categoria cognitiva fundamental. O que você poderia dizer sobre isso?

Pierre Lévy: Nize, agradeço muito por me fazer essa pergunta [risos]. Mais uma vez, temos de recorrer à experiência pessoal. É impossível compreender realmente alguém, um ser humano que está à nossa frente, sem amá-lo. Quando amamos alguém, tentamos nos colocar em seu lugar, entender seu interior, aproximamos nosso coração do coração dele e o entendemos. Há uma profunda relação entre conhecimento e amor. Entre duas pessoas, é evidente. Mas, mesmo em termos científicos, quando vemos a forma pela qual os entomologistas estudam formigas ou abelhas, se eles não as amassem, será que poderiam passar anos e anos estudando-as? Quando queremos conhecer uma coisa é porque a amamos. A relação entre conhecimento e amor é muito profunda. Eu diria também que, no plano filosófico, é algo que iria requerer longas explanações, mas, no fundo, o que é pensamento? Deleuze dizia que há uma forte relação entre pensamento e aprendizado. O pensamento não é o reconhecimento de algo que já sabemos. Temos um conceito, vemos uma coisa e, aí, tal coisa é tal conceito. Não é nada disso. É algo que antes não sabemos, que antes é caótico e incerto e que, de repente, nós produzimos. Então, produzimos um conceito, uma representação, que emerge juntamente com a percepção que temos de alguma coisa. E, por isso, temos de nos transformar. Temos, talvez, de abandonar velhos conceitos para produzir algo novo. Somos obrigados a nos tornar outra coisa. O que é aprender? É abandonar velhos reflexos, abandonar os preconceitos e penetrar em um conhecimento diferente. E isso é doloroso. É aceitar se transformar, aceitar ir em direção à alteridade. Aprender é isso. Pensar é isso. Ir em direção de outra coisa. É transformar-se, não é? Porque ser, pensar, aprender, tornar-se é a mesma coisa, não é? Somos o que sabemos, o que experimentamos. Nós nos tornamos o que aprendemos. É o movimento de ir em direção ao outro, à alteridade. O que é o amor? É ir em direção ao outro. É aproximar-se do outro, sair de si mesmo. Se quisermos ser, estando realmente vivos, temos de sair de nós mesmos ou acolher o mundo em nós, acolher o outro em nós. O amor é a mesma coisa. É ir em direção ao outro ou acolher o outro em si, tornar-se o outro. Para mim, não somente há uma identificação entre conhecimento e amor, mas, também, a identificação entre o conhecimento, o amor e a existência, a mais intensa e viva.

O amor, Pierre Levy, e, um dia, quem sabe, todos nós.

Nize Pellanda: O amor, [Lévy suspira e os entrevistadores riem] banido da ciência clássica, como atrapalhador do conhecimento, volta na sua obra, e também na de outros cientistas complexos, como categoria cognitiva fundamental. O que você poderia dizer sobre isso?

Pierre Lévy: Nize, agradeço muito por me fazer essa pergunta [risos]. Mais uma vez, temos de recorrer à experiência pessoal. É impossível compreender realmente alguém, um ser humano que está à nossa frente, sem amá-lo. Quando amamos alguém, tentamos nos colocar em seu lugar, entender seu interior, aproximamos nosso coração do coração dele e o entendemos. Há uma profunda relação entre conhecimento e amor. Entre duas pessoas, é evidente. Mas, mesmo em termos científicos, quando vemos a forma pela qual os entomologistas estudam formigas ou abelhas, se eles não as amassem, será que poderiam passar anos e anos estudando-as? Quando queremos conhecer uma coisa é porque a amamos. A relação entre conhecimento e amor é muito profunda. Eu diria também que, no plano filosófico, é algo que iria requerer longas explanações, mas, no fundo, o que é pensamento? Deleuze dizia que há uma forte relação entre pensamento e aprendizado. O pensamento não é o reconhecimento de algo que já sabemos. Temos um conceito, vemos uma coisa e, aí, tal coisa é tal conceito. Não é nada disso. É algo que antes não sabemos, que antes é caótico e incerto e que, de repente, nós produzimos. Então, produzimos um conceito, uma representação, que emerge juntamente com a percepção que temos de alguma coisa. E, por isso, temos de nos transformar. Temos, talvez, de abandonar velhos conceitos para produzir algo novo. Somos obrigados a nos tornar outra coisa. O que é aprender? É abandonar velhos reflexos, abandonar os preconceitos e penetrar em um conhecimento diferente. E isso é doloroso. É aceitar se transformar, aceitar ir em direção à alteridade. Aprender é isso. Pensar é isso. Ir em direção de outra coisa. É transformar-se, não é? Porque ser, pensar, aprender, tornar-se é a mesma coisa, não é? Somos o que sabemos, o que experimentamos. Nós nos tornamos o que aprendemos. É o movimento de ir em direção ao outro, à alteridade. O que é o amor? É ir em direção ao outro. É aproximar-se do outro, sair de si mesmo. Se quisermos ser, estando realmente vivos, temos de sair de nós mesmos ou acolher o mundo em nós, acolher o outro em nós. O amor é a mesma coisa. É ir em direção ao outro ou acolher o outro em si, tornar-se o outro. Para mim, não somente há uma identificação entre conhecimento e amor, mas, também, a identificação entre o conhecimento, o amor e a existência, a mais intensa e viva.

martes, 7 de septiembre de 2010

Vasos

Quando eu era pequena, costumava ganhar de um amigo israelita do meu pai - chamávamos carinhosamente de vovô Gornat - réplicas de vasos encontrados em sítios arqueológicos. Eram réplicas em miniaturas, que tínhamos que montar. Juntávamo-nos em torno daquele ideal. Montávamos o vaso, que era belo apesar das rachaduras e das pecinhas que faltavam (faltavam também no vaso do sítio arqueológico).

Um era mais belo do que o outro. Eu tinha preferência por um que era magro e alto, um vaso de azeite, dizia o folheto que vinha na caixa. Tinha até um pedestal para colocá-lo. Mas a verdade é que cada vaso finalizado era uma glória, mas terminado ele, esperávamos o outro. Acredito que o vaso de azeite foi o último que chegou, ou penúltimo, e depois dele nem me interessei tanto por outros.

O fato é que montar aqueles quebra-cabeças históricos seria maravilhoso até hoje, para qualquer pessoa. Mas eles terminaram, foram finitos, extraíamos dele toda sua diversão em tardes de pequenas arqueólogas, e esperávamos pelo próximo que vovô Gornat mandaria, junto com algum outro presente bonito. Presentes bonitos havia, mas os mais esperados eram os vasos, já que só viravam objetos através do nosso esforço, dedicação.

Acabou a coleção, só restou a lembrança. Todos os vasos montadinhos ficaram de caixa em caixa, de mudança em mudança, até que os doei todos para um professor de historia, e sabe Deus que fim levaram os mini tesouros arqueológicos da Terra Santa. Até o de azeite eu doei. Quis ficar com ele, mas por quê? Doei, doei.

martes, 9 de febrero de 2010

Gioconda e o apocalipse de 2012


Gioconda morreu no apocalipse de 2012, como disse Nostradamus. Morreu com uma pedrada de fogo e lava cinematográfica que fez a parábola dos céus na sua cabeça. Morte patética, Gioconda pensou, assim que virou fantasma. Mas não só por causa da pedrada. Hora patética pra morrer. E chegou na triagem que tavam fazendo, céu, inferno, purgatório, ali na estratosfera, puta da vida.

Começou a conversar cá galera da fila. Conheceu uma fulana, que disse que esse negócio de apocalipse veio mesmo a calhar, que a vida dela estava muito ruim. Gioconda argumentou que não achava não. Achava que uma morte assim, vinda do nada, não tinha nada a ver. Ainda mais em massa. Uma pessoa cheia de planos, vem uma pedra e mata. Não. Ia reivindicar.

Chegou pra São Pedro, já de bocão. Estavam todos na fila sendo encaminhados para uma grande área, onde Deus, o Todo-Poderoso, iria explicar os motivos do apocalipse. Gioconda pensou “ta na Bíblia não, brow?”. Mas não era bem isso que Deus queria explicar.

Deus explicou a todos, com aquele olhar de Monalisa (alguns chamam Gioconda) que ele tem, onipresente nos olhos de todos, que o apocalipse ou a mudança súbita acontecia todo dia. Gioconda pensou que ela tinha um mestrado inacabado, uma pintura planejada para sua casa e um encontro amoroso na noite da chuva de pedras. E Deus disse que essas mudanças súbitas aconteciam sempre. A gente é que não notava, porque não vinham tão espetaculares como Ele planejou a Dele. Mas que agora estavam todos na presença Dele, e que não temessem a mudança.

E Gioconda não levou muito bem a conversa de Deus. Mas com o tempo, ela viu que ele tinha razão. A nova vida que ela levava era diferente, mas legal, também. E mudanças vinham, mas depois de ser levada subitamente da terra por uma pedrada, Gioconda sabia que os momentos tinham que ser vividos ao máximo. Que as mudanças não substituíam tempos outros, mas eram especiais nas diferenças que traziam.

miércoles, 20 de enero de 2010

Zero onze, quatorze, zero meia.

Suco sem caroço e emagrecer sem esforço.
Tirar a mancha sem esfregar, aguar o jardim em jatos giratórios.
Lavar o carro com o mínimo de água, gastando uma fortuna no aparelho.
Jóias raríssimas e exclusivas, vendidas a granel, na TV e na revista.

Você tem 36 funções entre ralar, descascar, desengomar – alimentos e roupas – na sua cozinha. Na área de serviço. Na sala de estar. Na varanda. Até mesmo no banheiro, os aparelhos entram, porque são desmontáveis, alças de borracha, anti-aderente, anti-fungico, anti-derrapante.

E você compra, compra, compra, divide em 25 parcelas, só queria um body-lifting, que redistribui a gordura que você não perdeu com o AB STRETCH, ou com o ab-shaper, mas recebeu 4 maiôs em fibra de resina hiperdurável e lavável.

E toma seu suco sem sementes, e vibra na cadeira que emagrece, e tenta emagrecer, porque, sinceramente...

Sua casa não tem mais espaço para você, que está gordo, de tanto ver polishop, comprar, comprar, e não trabalhar para ver resultado.