A água estava quente e doce, o sachê ia pintando aquela garapa quente de vermelho. Pintando, pintando, a tinta escorrendo desordenada ali pelas moléculas. A xícara era branca, o que facilitava a visão de um quadro sendo pintado pela física ali mesmo, naquela pia. Como se aquele sache sangrasse sua cor na água quente, porque ela lhe feria. Até que a mãe foi e mexeu. E deixou tudo uniforme, vermelho cor de morango, toda a xícara.
E daí a menina sentiu o perfume, porque até agora não havia respirado. Prendia a respiração como em um filme de suspense dos bons. E sentiu o cheiro de morango, e sorriu. Perguntou se era chá de bala. A mãe respondeu que a bala estava na geladeira. Não havia prestado atenção na pergunta da menina. Ela pediu um chá de bala para ela. A mãe, que tomava o chá sem prestar atenção em nada, disse que buscasse na geladeira a bala.
E a menininha foi buscar a xícara para fazer chá de bala. Pegou o resto de água quente, juntou açúcar, e foi pegar aquelas balas em sachês, os chás. E colocou um sachê dentro da xícara e observou a fumaça que saia, sentiu dessa vez o cheiro, e viu as cores pintando a água. Dessa vez ela descobriu que havia coisa melhor do que bala dentro da despensa, e abriu os seus sentidos para mais uma descoberta da mais tenra idade, feita por ela para ela mesma.
sábado, 6 de junio de 2009
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1 comentario:
Lindo texto!^^
=*
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