martes, 9 de febrero de 2010

Gioconda e o apocalipse de 2012


Gioconda morreu no apocalipse de 2012, como disse Nostradamus. Morreu com uma pedrada de fogo e lava cinematográfica que fez a parábola dos céus na sua cabeça. Morte patética, Gioconda pensou, assim que virou fantasma. Mas não só por causa da pedrada. Hora patética pra morrer. E chegou na triagem que tavam fazendo, céu, inferno, purgatório, ali na estratosfera, puta da vida.

Começou a conversar cá galera da fila. Conheceu uma fulana, que disse que esse negócio de apocalipse veio mesmo a calhar, que a vida dela estava muito ruim. Gioconda argumentou que não achava não. Achava que uma morte assim, vinda do nada, não tinha nada a ver. Ainda mais em massa. Uma pessoa cheia de planos, vem uma pedra e mata. Não. Ia reivindicar.

Chegou pra São Pedro, já de bocão. Estavam todos na fila sendo encaminhados para uma grande área, onde Deus, o Todo-Poderoso, iria explicar os motivos do apocalipse. Gioconda pensou “ta na Bíblia não, brow?”. Mas não era bem isso que Deus queria explicar.

Deus explicou a todos, com aquele olhar de Monalisa (alguns chamam Gioconda) que ele tem, onipresente nos olhos de todos, que o apocalipse ou a mudança súbita acontecia todo dia. Gioconda pensou que ela tinha um mestrado inacabado, uma pintura planejada para sua casa e um encontro amoroso na noite da chuva de pedras. E Deus disse que essas mudanças súbitas aconteciam sempre. A gente é que não notava, porque não vinham tão espetaculares como Ele planejou a Dele. Mas que agora estavam todos na presença Dele, e que não temessem a mudança.

E Gioconda não levou muito bem a conversa de Deus. Mas com o tempo, ela viu que ele tinha razão. A nova vida que ela levava era diferente, mas legal, também. E mudanças vinham, mas depois de ser levada subitamente da terra por uma pedrada, Gioconda sabia que os momentos tinham que ser vividos ao máximo. Que as mudanças não substituíam tempos outros, mas eram especiais nas diferenças que traziam.

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