viernes, 26 de junio de 2009

Aliene

Aline me aliena dos problemas
Com a dança, com a comida, com a conversa
Aline conversa para me resolver
Aline dança para me reanimar.
Aline me embala
No baile,
Bailando
Até eu parar de chorar.



(para Aline)

sábado, 6 de junio de 2009

Vermelho na xícara

A água estava quente e doce, o sachê ia pintando aquela garapa quente de vermelho. Pintando, pintando, a tinta escorrendo desordenada ali pelas moléculas. A xícara era branca, o que facilitava a visão de um quadro sendo pintado pela física ali mesmo, naquela pia. Como se aquele sache sangrasse sua cor na água quente, porque ela lhe feria. Até que a mãe foi e mexeu. E deixou tudo uniforme, vermelho cor de morango, toda a xícara.

E daí a menina sentiu o perfume, porque até agora não havia respirado. Prendia a respiração como em um filme de suspense dos bons. E sentiu o cheiro de morango, e sorriu. Perguntou se era chá de bala. A mãe respondeu que a bala estava na geladeira. Não havia prestado atenção na pergunta da menina. Ela pediu um chá de bala para ela. A mãe, que tomava o chá sem prestar atenção em nada, disse que buscasse na geladeira a bala.

E a menininha foi buscar a xícara para fazer chá de bala. Pegou o resto de água quente, juntou açúcar, e foi pegar aquelas balas em sachês, os chás. E colocou um sachê dentro da xícara e observou a fumaça que saia, sentiu dessa vez o cheiro, e viu as cores pintando a água. Dessa vez ela descobriu que havia coisa melhor do que bala dentro da despensa, e abriu os seus sentidos para mais uma descoberta da mais tenra idade, feita por ela para ela mesma.

miércoles, 3 de junio de 2009

Mergulho

A Gioconda saiu naquele dia com seus amigos para mergulhar. Alugou um barco, scubas, roupa de mergulho e saiu para o mar. Gioconda sabia que no local havia corais e tubarões. Havia avisado aos amigos, para que não chegassem ao local desavisados.

Seus amigos chegaram e estavam muito excitados. Com o mergulho, a praia, o sol e o céu. Começaram a vestir a roupa, falar sobre os corais, as scubas e os peixes, quando a Gioconda disse “e os tubarões?”
E os amigos a olharam, com tanto medo: “tubarões?” eles disseram.
E a Gioconda disse “é possibilidade. São tubarões pequenos, não fazem mal a ninguém”.

E a Suzaninha começou a passar mal. A ter náusea, ficar branca, e dizer que não ia mais. Também o namorado da Suzaninha, desistiu por dizer que com tubarão, nem ele nem Suzi iriam, não iriam aos corais!

E até mesmo o Coragem não quis ir. Coragem disse que se havia possibilidade de tubarão, não valia ir e se arriscar. Ele não tinha nem como se defender com seu arpão, que deixara em casa, junto com o remédio de pressão, que começava a subir, depois que a Gioconda disse “a falta de coragem de vocês não me impede de ir.”

E a Gioconda se montou. Sabia que o tubarão não poderia ser tão mal, e que o que ela mergulharia para ver seria compensador.

Desceu pela corda, olhou com calma o fundo do mar, os peixes, viu um tubarão. Ele passou por longe, seu coração bateu mais forte... mas a Gioconda mergulhou, por muito tempo, junto com ele, que curtiu ao seu lado a paisagem submarina. O tubarão era apenas uma possibilidade. E ele esteve ali, mas não era tão ruim. E a Gioconda não perdeu de ver o resto, por causa da possibilidade do perigo.

Gioconda subiu à superfície, olhou para seus amigos, que comiam camarão e tomavam sol, esperando por notícias delas.
“E o tubarão?”
“Ele apareceu.”
“Você teve medo?”
“Tive. Mas valeu.”